Que a relação entre os padrões de beleza feminina e a realidade é profundamente esquizofrénica, já todos o sabíamos. Agora porém, começam os homens a sofrer de semelhante dilema. Quando uma nova geração de homens começou a preocupar-se com a sua imagem, recorrendo a produtos cosméticos, roupas de marca e ginásios com quase tanta frequência quanto as suas namoradas e esposas, percebeu-se que alguma coisa estava a acontecer no até então relativamente descomplicado mundo masculino. Nessa área, pelo menos! Assim nasciam os metrossexuais.
Entretanto, diz-se, apareceram os gastrossexuais, os homens que se aperfeiçoam nas artes culinárias para impressionar e conquistar um lugar no coração das suas amadas, via estômago.
Mais recentemente, alguma comunicação social norte-americana tem dedicado reportagens aos retrossexuais, a saber, os homens que estão determinados em manter a aparência (e por vezes a atitude) de “homens a sério”, seja lá isso o que for. Uma das suas características é, em particular, o orgulho pela sua pilosidade corporal, ao contrário da tendência de alguns metro em quase se depilarem da cabeça aos pés. Quase.
A retrossexualidade pode muito bem ser uma reacção, talvez exagerada, à metrossexualidade. Mas parece ao mesmo tempo indicar que os padrões de beleza masculinos são agora bastante mais fluidos do que eram no tempo dos retrossexuais de antigamente. Perguntam os homens: Como poderemos manter-nos actualizados com estas tendências sempre a mudar? E respondem as mulheres, com uma bem justificada ponta de sarcasmo: Pois é, meus caros, nós já o fazemos há muito tempo e pelo menos, a cada seis meses!
A igualdade entre homens e mulheres, que apesar de tudo, continua a ser um bonito ideal a alcançar e não ainda um facto consumado, trouxe muitas mais surpresas do que mulheres a usarem calças e homens a cuidarem de bebés. Acartou consigo todas estas novas exigências com as quais os homens têm agora que lidar. E assim regozijam-se as mulheres ao ver os homens a transformarem-se e já transformados em objectos sexuais.
Publicado na revista Pública de 08/02/2009
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