Se toda a gente conhece Barbie, a boneca da cintura
maravilha, não menos conhecido é Ken, seu namorado de há 50 anos. Ken foi
criado para responder à necessidade que Miss B. tinha de ter um companheiro.
Certo é, porém, que ao longo da sua atribulada relação, o rapaz sempre foi
considerado dispensável. É que Ken nunca teve tanta saída quanto a sua famosa namorada.
Por isso, volta e meia, foi posto na prateleira.
No entanto, em 1993, Ken teve um inesperado momento de glória.
Numa tentativa de modernizar o moço, a Mattel lançou o Earring Magic Ken.
Ter um brinco e um colete de cabedal púrpura foram apenas dois dos motivos que
tornaram essa edição de Ken popular junto da comunidade gay. O outro foi o
facto dele ter ao pescoço o que muito boa gente podia jurar ser um cock-ring.
Assim, apesar do esmagador sucesso de vendas, a Mattel apressou-se a retirar esse
modelo do rapaz das lojas.
Para os sexualmente distraídos, um cock-ring, que
numa tradução conservadora será um “anel de pénis”, como o nome indica é um aro
que se coloca em torno do dito. Pode ser feito dos mais diversos materiais, da
borracha ao metal, sendo que um dos mais antigos que se conhece data do século
XIII e é feito de pestanas de cabra, infeliz animal! Mas existem tantos tipos de cock-rings quantas
as cores do arco-íris, incluindo os vibratórios. São, regra geral, colocados na
base do pénis, após cuidadosamente passar um testículo de cada vez para o seu interior e, por último, o pénis ainda
flácido.
Ensina-nos o estudo da anatomia peniana que o sangue aflui
ao masculino órgão pelo seu interior e que tem a sua via de escape pelos vasos sanguíneos
da superfície. Apertando-se a sua base facilita-se e prolonga-se uma desejada
ereção. Por esse motivo, os cock-rings têm fama de ser usados apenas
por cavalheiros que necessitam de algum incentivo para manter os seus ânimos erectos. No
entanto, muitos homens utilizam-no para aumentar a sensibilidade e o prazer durante o ato.
Acabe-se, portanto, com a discriminação contra tão versátil acessório.
Os cock-rings não devem ser utilizados por mais de 20
minutos de cada vez ou menos se surgir desconforto. Afinal está-se a evitar a
circulação de sangue no pénis. Alguns têm abertura fácil para libertar o bicho
caso ele comece a ficar roxo. Os de metal deverão ser utilizados apenas por
homens bem experienciados na matéria por ser mais difícil a sua remoção. O bom senso
deverá prevalecer, aqui como em tudo.
Não sabemos se, antes de ter sido mais uma vez dispensado, o Ken da argola mágica teve redobrado prazer devido ao seu peculiar pendente nos momentos, presumem-se raros, de intimidade com a sua namorada on-again-off-again.
Porém, para um rapaz que aos 50 anos continua a não ter pénis, isso é improvável. Entretanto, para os não castrados, os cock-rings são
brinquedos que podem contribuir para uma sexualidade mais simpática. Afinal,
não apenas as mulheres têm direito a usar adornos.
Originalmente publicado na revista Pública de 12/07/2009
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