terça-feira, 11 de maio de 2010

É tão bom, não foi?

Os dois amantes estão juntos num qualquer recanto confortável de uma casa. A cena começa com abraços e beijos, aconchegos suficientes para despertar uma certa vontade. Antes que o Diabo esfregue o olho, já as roupas estão a ser atiradas pelo ar. Sôfregos de antecipação, rebolam pelo tapete, dão encontrões nos móveis, partem duas jarras e deitam ao chão um porta-bengalas.

Porém, assim que as coisas aquecem mais um pouco, ele começa a respirar de forma ofegante. Mais ofegante do que seria esperado. E passados uns momentos, não sem ponta de embaraço, acaba por dizer: “Já terminei…”

Antiga como o homem, a ejaculação prematura só muito recentemente passou a ser considerada gente. Que é como quem diz, que só há umas tantas dezenas de anos se decidiu que tal precocidade orgásmica seria digna de nota nos anais da sexologia. E não por acaso.

Até há bem pouco tempo não se esperava que as mulheres tivessem prazer. Interessava que os senhores tivessem a oportunidade de, por assim dizer, descarregar a sua tensão acumulada e que, para isso, as senhoras suas companheiras estivessem sempre disponíveis. Assim, se o homem demorava 10 segundos, 3 minutos ou duas horas (situação eventualmente rara) no acto, tal não interessava para nada. Interessava sim que eles, machos, vissem satisfeitas as suas necessidades.

O mundo mudou e, mais ou menos de repente, as mulheres começaram, surpresa das surpresas, a ter prazer sexual. Mais do que a ter, passaram a exigi-lo. A satisfação sexual feminina e os orgasmos, se possível múltiplos, tornaram-se numa comodidade como outra qualquer que se compra no supermercado e sem a qual não se pode passar.

Que as coisas não podiam continuar como estavam, toda a gente sabia. Porém, os homens ainda não se tinham apercebido da situação bicuda em que se encontravam e foram apanhados com as calças nas mãos. Em alguns casos, literalmente. E assim surgiu a necessidade de criar uma nova categoria de perturbação sexual: a ejaculação precoce. Sinal dos tempos.

A ejaculação precoce pode ter causas orgânicas, por exemplo, nos casos em que surge devido a uma infecção urinária masculina. Mas essas são uma minoria. Mais das vezes é causada por factores de ordem psicológica, como a ansiedade face ao coito, ou a simples incapacidade de controlar a excitação naqueles momentos fulcrais do início (ou, por vezes, ainda antes) da relação sexual. Um caso sério de qual é coisa qual é ela, que antes de o ser já o era. Uma chatice.

Apesar das suas origens essencialmente psicológicas, os homens que ejaculam com excessiva sofreguidão não controlam a sua resposta sexual mais do que conseguem controlar a bolsa de Nova Iorque. E fazer contas de cabeça, pensar sobre a fome em África ou noutras calamidades pouco excitantes, não são soluções. Existem sim outras formas mais eficazes e construtivas para lidar com a síndrome do pénis apressado. Inclusive surgiram recentemente medicamentos que podem dar um empurrão para que a coisa não se precipite.

Além disso, existem técnicas que podem ajudar o homem a calibrar o seu membro, para que seja ele, o homem, a controlar o dito, e não o contrário, como já tantas vezes acontece noutros contextos. Através de exercícios bastante simples, pode o homem aprender a parar enquanto é tempo e a ser mais contido quando tal é desejável.

Importa perceber que essa é uma situação que afecta ambos os elementos do casal e que ambos devem estar envolvidos no processo de recuperação. Para que os pénis e respectivos donos possam continuar a ser fonte de prazer e não de dores de cabeça.

1 comentário:

  1. Impressionante, acho que o mais importante seria os homens terem confiança em si. Investirem no sexo como um bem suave. Abusando dos preliminares. Aspectos importantes no sexo. Abusar de um duche, preparar um bom banho, com ambiência romântica, explorar o parceiro. Viver o corpo a corpo antes da penetração. Controlar através dos exercícios. E principalmente fazer sexo debaixo de paixão. Acho que tudo se move debaixo dela. Um bom sexo, um bom e apaixonado beijo comanda o resto. No sexo é preciso investir tempo e saber que é um work in progress. Ao abusar destes dados acredito que teremos bons amantes.
    Medicamentos não sou apologista, na cabeça está a ordem. Quem me dera que estes artigos fossem mais e melhores, tentando educar e reeducar parceiros.
    Parabéns
    Ana

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