quarta-feira, 14 de abril de 2010

A fabulosa vida sexual das trufas





Quem iria imaginar que as boas das trufas, do fundo dos seus esconderijos subterrâneos, teriam uma vida sexual como outra pessoa qualquer? É que de tão discretas que são, nunca ninguém suspeitou que as ditas túberas sequer se reproduzissem da forma mais divertida que existe. Nem tão pouco alguma vez se ouviu falar do problema da gravidez adolescente das trufas ou do aumento das taxas de infecção pelo VIT (vírus da imunodeficiência trufal). Ainda que, bem que vistas as coisas, porque não terão as pobres coitadas direito ao seu prazer? Não serão as trufas também gente, no que toca ao sexo?

Mas vamos lá por partes. Uma equipa de investigadores Franceses da Universidade de Nancy liderados pelo Dr. Francis Martin, decidiu estudar o genoma das trufas. Os resultados foram agora publicados e revelam alguns dos segredos da vida íntima dos bichos. Que por sinal não são bichos, mas tubérculos, os frutos de uma espécie de fungo que cresce junto às raízes de árvores, em particular de carvalhos e castanheiros. E a maior descoberta de todas foi, de facto, que afinal esses tubérculos são seres sexuais, ou seja, têm dois “géneros” e é através do cruzamento entre eles que surge a diversidade trufal.

E porque se lembraria alguém de se dedicar a tão fastidiosa tarefa, quanto a de investigar o código genético desses peculiares seres, perguntam muito bem? Não foi por acaso. As trufas são consideradas iguarias de primeira, um produto gastronomicamente muito apreciado pelos gourmets. Por serem difíceis de encontrar, chegam a custar 6.000 dólares por quilo! Conhecer os detalhes da respectiva programação genética é uma chave importante para melhor produzir e assim ganhar uns trocos com as ditas das trufas.

Por terem o peculiar hábito de se esconder debaixo do chão, torna-se um tanto difícil encontrar parceiros sexuais, até porque ainda ninguém se lembrou de criar um site de encontros para as trufas na Internet, e bares de solteiros dedicados à espécie não existem. Por isso algumas trufas desenvolveram a capacidade de produzir a hormona libertada pelos porcos e javalis na altura do cio, emanando um aroma de tal forma potente que põe os pobres animais doidos de desejo. Neste caso de consumir as trufas. Assim as túberas apanham boleia dos ditos animais e espalham os seus esporões por outras paragens, depois de consumidas e processadas pelo tubo digestivo dos animais, por assim dizer.

Muito podem os humanos aprender com as trufas! Apesar de pouco valorizadas e muito recalcadas, as feromonas humanas sempre tiveram um importante papel na atracção sexual entre as pessoas. Transmissores químicos que são, as feromonas transmitem uma mensagem odorífera de desejo e depravação de alguma forma reminiscente da emitida pelas trufas. Excepto que estas precisam do seu cheiro para perpetuar a espécie e nós, humanos, já não. Assim se inventaram perfumes, águas-de-colónia e desodorizantes para disfarçar os odores corporais que se tornaram objecto de repulsa e repressão, quando na verdade a sua função é bem mais interessante.

Por sua vez as trufas não só não têm vergonha do seu cheiro como o usam descaradamente em prol da sua vida sexual que, caso contrário, seria tão monótona quanto o estudo do seu próprio código genético. Misturando-se e multiplicando-se podem assim continuar a deleitar quem tenha a possibilidade e se dê ao luxo de consumir tão requintado ingrediente.

Quanto a nós humanos, há quem diga que, no fundo, no fundo, todos somos uma trufa rechonchuda à espera do seu porquinho. Resta saber se algum dia assumiremos a atitude das trufas em relação ao seu cheiro e se, pelo menos de vez em quando, o utilizaremos como o afrodisíaco que ele pode ser.

1 comentário:

  1. "Gosta de escrever e de brincar sobre sexo."
    Interessante, já somos dois
    Todo ser humano transpira hormonas que nos identificam a vontades. Quer seja macho ou fêmea, as químicas e o cheiro são afrodisíacos.

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