domingo, 19 de setembro de 2010

Etiqueta quê?!



Sabia que é um gesto de boa educação desligar o telemóvel durante um encontro sexual? Que se devem tirar sempre as meias antes do acto, a não ser que o parceiro ou parceira indique o contrário? Que nunca se deve fixar o olhar no peito ou genitais de alguém que se acabou de conhecer, por muito proeminentes que os respectivos possam ser?

Pois bem, estas e muitas outras pérolas de sabedoria sexual podem ser encontradas num livro que recomendo a todos aqueles que têm ou pensam vir a ter algum tipo de vida sexual. É o “Nerve’s Guide to Sexual Etiquete” de Em e Lo (Plume, 2004). Isso mesmo, um livro sobre etiqueta sexual, um guia para os solteiros e casados do novo milénio, cheio de pequenos e grandes conselhos para quem possa ter incertezas no leito como na discoteca, no ménage à trois como no clube de swing.

Gostaria de partilhar as suas fantasias sexuais com a namorada mas receia melindrá-la? Não há problema, Em e Lo dão sugestões sobre como facilitar o processo. Não sabe qual a melhor forma de desaparecer após uma noite de sexo desenfreado com um desconhecido ou desconhecida? No worries! Este guia dá-lhe algumas pistas (Dica: escapulir durante a noite sem dizer adeus ou deixar, ao menos, uma nota de despedida, é considerado de mau tom!).

Devo esclarecer que não sou defensor de regras universais sobre como as pessoas se devem comportar, no sexo como noutras áreas da vida. Circunstâncias diversas, incluindo a cultura da pessoa e os seus modos de pensar e sentir irão condicionar as suas opções. Um infalível quebra-gelo de conversa, que pode até funcionar em muitas situações, poderá ser estranho ou inapropriado noutras. Por isso, nada como o bom senso para julgar, em cada momento, qual a forma mais adequada e, espera-se, polida, de agir.

Porém, no que toca à sexualidade, há um problema. É que, por regra, as pessoas nunca tiveram a oportunidade de esclarecer as suas dúvidas e desfazer ideias feitas sobre a interacção entre parceiros sexuais efémeros ou de longa data. A aprendizagem nestas lides faz-se, muitas vezes, da pior forma: através de alguém que sabe menos do que o próprio (versão adolescente); no “é suposto ser assim” das revistas femininas; no “faça-o-pino-e-pendure-se-no-lustre-que-ela-vai-gostar” das revistas masculinas; na estereotipia da pornografia; (ainda) na catequese e no mito sexualmente repressivo, tão enraizado entre nós.


Por isso, ainda que correndo o risco de ser por vezes limitativo e possivelmente, em breve, datado, este “Nerve’s Guide”, como outros livros semelhantes, podem ser úteis para orientar quem ainda não sabe que, para rejeitar alguém por quem não está interessado, basta dizer: “Obrigado. Sinto-me lisonjeado por estar interessado em mim, mas neste momento não estou disponível”.


Publicado na Pública dia 6/07/2008

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