quarta-feira, 3 de agosto de 2011

15,82 centímetros de fascínio


Desde que descobrem ter um interessante penduricalho entre as pernas, até ao dia em que deixam esta Terra, que não termina o fascínio dos homens pelo seu pirilau. De facto, o nível de atenção que o homem médio dedica ao respectivo pénis não deixa de ser, no mínimo, suspeito.

Sem dúvida que o dito é muito útil para a libertação de fluidos diversos. Pode proporcionar umas quantas sensações agradáveis quando manipulado de forma adequada. Mas, na mesma medida, também pode ser causa de desassossego quando não funciona tão bem quanto descrito no panfleto ou quando algum bicharoco não convidado insiste em fazer dele a sua nova e fantástica moradia.

Tal fixação peniana extravasa, até em rapazes e homens heterossexuais, o interesse pelo próprio para abranger o de outros. Manifesta-se essa curiosidade em particular em balneários e casas de banho públicas, em que havendo oportunidade, não deixa de se espreitar o órgão alheio para o comparar ao próprio.

Esse interesse, que por vezes raia o mórbido, leva a actos disparatados e a circunstâncias bizarras. Bom exemplo é o do pénis de Napoleão Bonaparte, que teve direito a vida e fama para lá da morte do seu proprietário. Reza a história, contestada por alguns, que aquando da autópsia do estadista Francês, num momento de distracção das autoridades presentes, aproveitou o médico que realizava o exame para subtrair ao falecido estadista o seu membro. Conservado em formol, o napoleónico pénis terá sido oferecido, herdado, vendido e leiloado. Viajou repetidas vezes de um lado para outro do Atlântico, até ter sido adquirido por um famoso urologista Norte-Americano. Terminou, de todos os lugares possíveis, na Nova Jérsia, triste sorte, onde jaz numa cave bafienta. O cadavérico Napoleão decerto sentirá a sua falta.

Por sua vez, e de acordo com a filha, Raspoutine teria um impressionante órgão de 33cm. Como sabia ela desse pormenor, é coisa que é melhor não perguntar. Mas ao contrário do que se possa pensar, é possível que ele não estivesse satisfeito com o seu tamanho. É que outro desporto popular entre os homens é o de se preocuparem com a dimensão do seu órgão, habitualmente por acharem-no incapaz de assustar um caracol. Porém, de acordo com uma investigação realizada pelo urologista Nuno Monteiro Pereira, um por cento dos homens Portugueses, cerca de 50 mil marmanjos, possui um megapénis (19,5cm ou mais, em erecção), e muitos gostariam de não o ter. Sendo que a média nacional, de acordo com a mesma investigação, é de 15,82cm, muitos acharão as preocupações dos tais 50 mil disparatadas.

Costuma dizer-se que tamanho não é documento. Mas vá-se lá convencer os homens disso. Para muitos, quanto maior melhor, mesmo ao contrário das melhores evidências. Porque, de facto, não é o instrumento que faz a arte, mas o artista.

Publicado na Revista Pública de 20/09/2009

1 comentário:

  1. Mas Senhor Doutor, por que razão a questão dos microfalos é tão pouco abordada?

    Obrigado :)

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